sábado, 4 de abril de 2009

O MARXISMO E O SÉCULO XXI



O marxismo seguramente foi a doutrina mais importante do século XX, no amplo sentido de um “campo” (Pierre Bourdieu) ou ainda no sentido de ideologia (Antonio Gramsci – com seu “americanismo e fordismo”) e não no dos próprios Karl Marx e Friedrich Engels (como doutrina dominante da classe dominante.) A tal ponto que se pode dizer que o século XX foi o século do marxismo.


Mas a pergunta que não quer calar, e que, é direta: e o século XXI e no século XXI ? O que o marxismo pode vir a ser, o que o marxismo tem a dizer? O século abriu-se com a maior crise econômica, mundial, global, desde os dias da Grande Depressão de Trinta. Mesmo sobre esta, o que o marxismo disse “no calor da hora” não honrou muito as tradições da economia política marxista, que é seu terreno e sua certidão de nascimento. E agora, que crise é esta? François Chesnais tem dado orientações teóricas muito férteis, sobre a transição para um regime de acumulação à dominância financeira. E que mais ?


Essas intrigantes questões não se farão com um marxismo sectário e doutrinário; mas não se trata de proclamar um ecletismo despolitizado: as interrogações partem da tomada de posição de que o marxismo pode ainda alimentar as lutas pela transformação social e política, senão com a transcendência e abrangência mostradas no século XX, pelo menos com uma postura crítica que não se deixará seduzir nem pelo apocalipse nem pelo conformismo. Concluindo, um marxismo dialógico e dialético.


Minha opinião - Teoricamente, temos uma crise clássica na interpretação marxista: é de realização do valor, mas aqui está sua novidade: a produção do valor se dá na China e sua realização nos EUA. Uma ampliação quase sem precedentes na história mundial das fronteiras da mais-valia. Descentralização do trabalho? Nãooooo. É no que pode dar a assimetria entre os 10% de crescimento da China e os modestos 3 a 4% dos EUA. Um dado importante: a China hoje tem mais estudantes de curso universitário que os EUA, e mais pós-graduandos que o total de estudantes universitários do Brasil.