terça-feira, 3 de novembro de 2009

::: Morre aos 100 anos - Levi-Strauss :::


O influente antropólogo estruturalista, etnólogo e filósofo Claude Lévi-Strauss faleceu na noite de sábado para domingo. Tinha 100 anos de idade.
A notícia foi avançada esta terça-feira pela Academia Francesa.
Nascido em Bruxelas a 28 de Novembro de 1908, o francês Lévi-Strauss foi um dos nomes maiores da antropologia, tendo exercido uma influência decisiva na evolução desta área científica ao longo do século XX.
No entanto, a sua obra acabou por influenciar todas as ciências sociais, nomeadamente através do seu contributo para o advento do estruturalismo – corrente de pensamento que procura identificar nos factos de natureza simbólica as formas invariáveis que existem em diferentes conteúdos.
A Lévi-Strauss é ainda atribuído um papel percursor no nascimento do movimento ecologista.

Lévi-Strauss não via o ser humano como um habitante privilegiado do universo, mas como uma espécie passageira que deixará apenas alguns traços de sua existência quando estiver extinta.

Membro da Academia de Ciências Francesa (1973), integrou também muitas academias científicas, em especial européias e norte-americanas. Também é doutor honoris causa das universidades de Bruxelas, Oxford, Chicago, Stirling, Upsala, Montréal, México, Québec, Zaïre, Visva Bharati, Yale, Harvard, Johns Hopkins e Columbia, entre outras.Aos 97 anos, em 2005, recebeu o 17o Prêmio Internacional Catalunha, na Espanha.

Declarou na ocasião: "Fico emocionado porque estou na idade em que não se recebem nem se dão prêmios, pois sou muito velho para fazer parte de um corpo de jurados. Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é algo que sempre deveríamos ter presente".

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

::: Terceira do Plural :::

TERCEIRA DO PLURAL
ENGENHEIROS DO HAVAII

Corrida pra vender cigarro
Cigarro pra vender remédio
Remédio pra curar a tosse
Tossir, cuspir, jogar pra fora

Corrida pra vender os carros
Pneu, cerveja e gasolina
Cabeça pra usar boné
E professar a fé de quem patrocina

Eles querem te vender...
Eles querem te comprar...
Querem te matar (a sede)
Eles querem te sedar!

Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Quem são eles?
Quem são eles?

Corrida contra o relógio
Silicone contra a gravidade
Dedo no gatilho, velocidade
Quem mente antes, diz a verdade
Satisfação garantida
Obsolescência programada
Eles ganham a corrida
Antes mesmo da largada

Eles querem te vender...
Eles querem te comprar...
Querem te matar (de rir)
Querem te fazer chorar

Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Quem são eles?
Quem são eles?

Vender...comprar...
Vendar os olhos...jogar a rede...contra a parede
Querem nos deixar com sede,
Não querem nos deixar pensar!

Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Quem são eles?
Quem são eles?...



Humberto Gessinger é um exímio letrista. Ele brinca com a disposição e o aspecto frasal, formulando verdadeiras charadas de múltiplos e geniosos sentidos; a ambiguidade é o toque artístico ímpar do compositor gaúcho.

A música “Terceira do Plural” é um ataque aos “grandes ocultos”, referidos, indeterminadamente, como “eles” – pronome muito corriqueiro em filosofadas de boteco a respeito dos detentores do poder ou das teorias de conspiração que governam o mundo.

Na primeira estrofe, fica clara a seqüência lógica imposta pelo capitalismo publicitário. Já na segunda, existe uma interessante imagem: “Cabeça pra usar boné E professar a fé de quem patrocina”. Ou seja, há uma massa ignara que faz uso de seu atributo intelectual apenas para dar valor às marcas que ostenta.

O que mais chama a atenção na letra é o refrão, que mostra como o consumidor, em verdade, nada mais é do que um produto, assim como os que consome. Na passagem “Eles querem te vender” pode ser feita a interpretação tanto como o desejo de vender produtos ao consumidor, quanto como o de o próprio consumidor poder ser vendido, usado como moeda de troca pelo consumismo. Trocando em miúdos, seria mais ou menos como se os patrocinadores das corridas de carros vendessem seus consumidores – os tele e os não tele espectadores – aos patrocinadores das indústrias tabageiras, e estes, por sua vez, às indústrias de farmacos. Um ciclo perfeito, fazendo rotar não os produtos, mas sim os consumidores.

A partir da quinta estrofe, é feita uma descrição da lógica consumista fútil e irracional, implantada quase à força na sociedade. A expressão “time is money”, sintetiza a ideia da “Corrida contra o relógio” dos tempos modernos.

Contra a televisão e à mídia se abate a passagem “Quem mente antes, diz a verdade”; pois, na atualidade, com a velocidade instantânea da transmissão de informação, qualquer fato que for divulgado massivamente, em pouco tempo vai ser tido como verdadeiro por todo o mundo, mesmo sendo de conteúdo falacioso.

“Querem nos deixar com sede, Não querem nos deixar pensar!” aí o consumidor é tratado como um fantoche, facilmente manipulável – inclusive por mensagens subliminares – estando sedado para os acontecimentos, completamente passivo ao que ocorre, um robô adestrado para consumir.


Retirado de: http://viajandonaletra.blogspot.com/2009/04/terceira-do-plural.html


::: Imperdível :::

Querido(a)s amigo(a)s nos próximos dias 07 e 08 de novembro em Uberaba-MG o "GRUPO TREM DAS GERAIS" se apresentando no Cebola's Bar (às 22:00 h) e Mercado Municipal (às 12:oo h) com a participação de Márcio Bonesso.

Clique na Imagem para Ampliar